terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

ONDE ESTÁ A FELICIDADE?

de Ilça Caldeira da Silva

                  Felicidade é como a ave que passa ligeira,
                  Deixando apenas um rastro passageiro.
                  Quem não arde de amor, quem não procura,
                  Gozo celeste de um amor profundo,
                  Em frouxa languidez ou em doce loucura
                  Desce a campa sem ter visto o mundo.

                  Doce ilusão que nasce prematura,
                  Como uma ave perdida em noite escura,
                  Sem luz, sem direção que pode até morrer.
                  A dor só é sentida quando o amor se vai.
                  O lugar vazio não encherá jamais,
                  E a felicidade se esfumaça até desaparecer.

                  Adormece com o tempo os pensamentos;
                  Parece que tudo não passou de alguns momentos,
                  E que tudo se acabou como coisas tão banais.
                  Felicidade é tudo que o ser humano almeja.
                  Nos bons momentos ou mesmo na peleja,
                  Apenas passa pela vida, rápida demais.

SONHOS


de Ilça Caldeira da Silva

        Sonhar e ver o sol nascer e a vida florescer.
        É sentir dentro do peito de que são os sonhos feitos.
        De amor puro e borbulhante, num misto de prazer,
        Que até parecem eternos por serem demais perfeitos.
   
        Sonhar é o ângulo reto de um encontro final.
        Depois de longa espera ver chegar a primavera,
        Deixando pelos caminhos um perfume divinal,
        Inebriando nossos momentos, nossos sonhos e quimeras.
  
        Sonhar é o ponto máximo quando tudo é natural.
        Como uma criança que nasce e que não chora,
        E na longa trajetória alcança a vida ideal.
        De não ter que despedir, fechar a mala e ir embora.

        Sonhar, são seis letrinhas quase inexistentes.
        Para uns não dizem nada; para outros a própria vida,
        Que te faz sorrir ou cantar, distraidamente,
        Sem se importar com quem passa na avenida.


MEU RIO PARAÍBA



 
de Ilça Caldeira da Silva

        Lentamente, eu olhava , parava e sorria.
        Apertava os olhos para melhor contemplar,
        A Igreja da Lapa, o rio, que bem me fazia,
        Aquela visão caminhando ao encontro do mar.

        Já foi bravo e forte, agora silencioso e triste.
        Pessoas passando sem olhar a correnteza.
        Naquele mundo de água, peixes não mais existem.
        Já teve seus dias gloriosos de tanta beleza.

       O escurecer sedia lugar a lua prateada.
       Postei-me num recanto, por certo o mais bonito,
       Da abençoada planície, sob a abóboda estrelada,
       Onde terra, céu e mar se abraçam no infinito.

       E as pessoas passando, indiferente a minha tristeza.
       Como não ser poeta, se tudo ao redor e poesia?
       Voltei-me mais um pouco, contemplando a beleza,
       Misturando minhas lágrimas ás suas águas em agonia.

PAZ


   
de Ilça Caldeira da Silva
          
Tenho nos  olhos cansados uma visão diferente
De um mundo novo, iluminado e sem dor.
A obcessão severa, associada a uma ideia surpreendente,
Que faz o indivíduo definir que a vida é indecente sem amor.

O modo que vivemos determina aquilo que somos.
Quando fazemos a transição do elementar para o racional.
Da mesma maneira que nos alimentamos do que temos,
A humanidade sobrevive do que encontra no meio social.

Olha para o céu. Pela semelhança se conhece o semelhante.
O homem nasce como o mais desprovido dos animais.
Num mundo sem linguagem, inútil e incapaz.

O corpo é apenas uma assa sobrevivente.
A visão luminosa de um mundo novo para ele é demais,
E s história da humanidade pode ser escrita numa palavra: Paz