de Ilça Caldeira
Uma jarra sutil com flores sobre a mesa
Na teia vertical a fraca luz acesa.
Um perfume que inunda a longa sala aberta
Uma tristeza imensa, uma agonia incerta.
Um relógio a bater as pancadas sonoras,
Como o sino dos templos, o gemido das horas.
Na penumbra do ambiente, a penumbra da vida,
E o fracasso cruel da esperança perdida.
Bate dentro de mim uma hora divina
Como o tempo passou! Já não sou mais menina.
Veja bem é verdade eu não sou mais a nota
Que a ternura arrancou da amplitude remota.
Sou aquilo que penso e nunca pensei.
Sou a alegria de alguns e de outros a lei.
Sou, enfim, o momento, a certeza e a verdade.
O organismo da dor e da felicidade.
O rebento do mundo. O micróbio infinito
Que surgiu do sublime e brotou do granito.
Tenho em mim um milhão de ancestrais,
Todo mundo é assim, somos todos iguais.
Uma jarra sutil com flores sobre a mesa
E a vida a boiar na amplidão com certeza.
O perfume da flor, a pura essência do ser.
O veludo da folha a matéria o poder
Bate o relógio a pancada divina
Vai-se o tempo, há silêncio! Eu caminho em surdina.
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